Publicado em 28 Junho 2006 - Folha de Tefé
Puxa o saco, Mela mão
Quanto mais puxa o saco
Mais dinheiro tem na mão.
Mela a mão do delegado
Mela mão de vereador
No Brasil por aí a fora
Quantos esquemas não tem?
Dinheiro fácil, vida sem trabalho
Vida boa pra alguns é fácil
Roube o som, vem a poeira
O ouro branco é pela beira
Qualquer peixe enche o bucho
Mas o bom mesmo é a poeira.
Poeira que esconde a festa do ouro branco
Da esquina e da beira, quanto mais barco chega
Mais eu encho minha carteira.
Compro carro, faço casa, se me incomodar
É só chamar alguém e fazer uma meladeira.
Em terra sem justiça o paneiro vive cheio
Passa um tempo fora e depois volta
Nunca mexe com ninguém.
Só mexe no dinheiro, até porque isso o povo não tem
Fico aqui bem quietinho, não assusto ninguém
Se eu quiser posso ir embora
Isso não é dá conta de ninguém
Mas pra que fazer isso se dinheiro fácil tem?
O ladrão que rouba pouco tem na mão uma algema
O ladrão que rouba muito tem na conta uma fortuna.
A faca que mata o pobre é a mesma que mata o porco
Põe-se na feira, vende-a, passa o tempo, esquece o povo
Pega o morto leva logo e enterra o corpo.
E a justiça?
A justiça é para poucos
Não a procure muito, pois você pode acabar louco
Faça assim: fale bem, passe a mão e puxe o saco
Com o tempo cai dinheiro, mela a mão e enche o saco.
(RAIFRAN BRANDÃO ARAÚJO)
Espaço para publicação de Artigos, Poemas e Crônicas tematizando os problemas de Tefé.
terça-feira, 22 de março de 2011
Verão tefeense – paraíso ou pára com isso?
publicado em outubro 24, 2007
Promessa de casamento na primavera amazonense é sinônimo de enrolação. Portanto se o seu noivo prometeu casar com você na próxima primavera, o ideal é procurar outro, pois as estações nesta região não incluem outono nem primavera. Já o verão está a todo vapor.
Com uma temperatura média de quarenta graus, a melhor opção é sair de casa. As piscinas e praias por este período andam cheias. Numa espécie de refúgio do calor ou em busca de diversão, a população local tão carente de opções de lazer lota nos finais de semana a praia da Ponta Branca, a principal e mais acessível de Tefé. Neste período são freqüentes também as quedas de energia elétrica, fruto do conseqüente aumento de consumo de energia em função do calor de verão e que a CEAM, há tempos, não consegue atender.
A constante presença de policiais militares tem garantido uma relativa segurança na Ponta Branca, a guarda municipal de trânsito redireciona o fluxo de veículos para dar mais liberdade aos banhistas e a prefeitura municipal atendeu a demanda de iluminação, só não tem se lembrado muito de limpar a área. A falta de lixeiras e barracas padronizadas ajudam a diminuir a beleza da praia, a poluição sonora já faz parte do cenário, todo ano se repete.Num local em que a população já se acostumou a usar o seu espaço de qualquer jeito, seja por ingenuidade ou por acomodação, tudo que o poder público e a iniciativa privada fizer está bem feito.
Sejam bem-vindos ao paraíso tefeense! Paraíso ou pára com isso?
Princesa do Solimões
Crônica publicada no Jornal Acadêmico em 2004.
As riquezas ilícitas são visíveis nas mãos de quem esconde no escuro preto da cor do carro ou na fachada azul de um prédio, no conforto de um modesto lar, uma mansão. O tio FUNDEF foi generoso, pena que não pode ser herói, como Hobbin Wood, este fazia o contrário, tirava dos ricos e dava aos pobres. Não tem problema, cada autor faz a sua história, é como na vida real, cada um segue por um caminho; uns labutam, outros, usufruem suas riquezas e privilégios. Num país que nasceu sob a ambição mercantilista do homem branco, há de se convir que a herança genética dos colonizadores inescrupulosos tenha ficado por aqui também. Mas para todo mal existe um antídoto, a consciência e a memória são boas fontes de cura, o tempo também ajuda muito na terapia.
Na sabedoria de um povo se encontra ou, pelo menos se espera encontrar, o verdadeiro valor de uma sociedade, o fim de uma máscara, que disfarça e que é a desgraça das piores causas da pobreza e da miséria, das mazelas deixadas por políticos mal vestidos de caráter e despidos de valores que não quer e nem faz do povo ser se quer um cidadão.Mas não se prenda apenas ao passado, o nariz que é agora empinado, que desfila nos salões e - olhem quanta majestosa beleza ostenta!!! pode mudar de nome, de endereço, até de sexo. Fique atento porque com o dinheiro público se faz riqueza, mas se faz também muita pobreza, isso entristece o povo. De político podre a república vive cheia e não podemos esquecer que também fazemos parte dela. A semente foi plantada, Jornal Acadêmico, e precisa ser regada, não me deixem falando sozinho, feito um passarinho sem asas e sem ninho. Leiam, questionem, repassem a informação, isso nos fará ser quem nós gostaríamos de ser. Ter o respeito que eles têm obrigação de ter conosco e fazer de cada um de nós um cidadão digno do zelo, do bom trato e do cuidado que merece o mais humilde cidadão.
É chegada a hora de romper o silêncio, a omissão, a excessiva e desnecessária compaixão. Se de você ganhou o voto que não bote em sua mão, mas que faça pelo povo, porque assim entra todo mundo e não se suja o cidadão. Aquele que ganha uma passagem para passar o natal ou o ano novo em Tefé ou em Manaus, pobre dele que acha que está sendo ajudado, na verdade, está sendo é roubado porque se a ele foi dado, é porque dele foi tirado. Não se humilhe meu amigo, não aceite uma passagem, muito menos um pedaço de pão, não aceite esmola; reclame por trabalho porque isso sim dignifica o cidadão. Não cobre pelos palcos, muito menos pelas festas, cobre pela educação, a saúde e a segurança de seu filho, exija que faça dele um exemplo de cidadão. Dê orgulho ao seu vizinho não aceite ajuda de político, faça-o trabalhar, honrar seu voto, avalie-o bem e tenha na próxima eleição uma razão para votar ou não nesse que pensou que fosse esperto, mas que morreu ou morre na própria ação.
Povo enganado é ferida mal curada, dá a volta o tempo passa, lá encontra o desgraçado outra vez pedindo o seu voto, humilde e maltratado (só na aparência). – Oh! Pobre homem, se de rico não ficaste, pobre talvez não fique, mas não tira do povo a fome nem a sede de justiça.
(RAIFRAN BRANDÃO ARAÚJO)
Quanto custa a vida?
Editorial de O Solimões - Publicado em 03/12/2009
A absolvição do advogado Krien Oliveira de Queiroz, acusado por homicídio e absolvido em júri popular trouxe uma nova discussão: - Quanto custa a vida? Há quem diga que ela não tem preço, mas há quem diga também que seu preço é do tamanho do dinheiro que se tem no bolso ou ainda da influência que alguém possa representar.
Opiniões à parte, o que se sabe mesmo é que a vida se encerra com a morte. Morte que poderá vir por decorrência do próprio tempo, acidentes e de tantas outras formas. Ruim mesmo é quando ela é antecipada, assistida como uma tragédia que choca, que tem vítima e vilão e que com o tempo, como os castelos de areia edificados às margens dos rios ou dos mares somem sem deixar marcas. Neste caso, um crime “sem culpados”. Marcas que ficarão no resto da vida da mãe que teve seu filho condenado à morte por um motivo banal. Se é que há motivos razoáveis para se tirar a vida de alguém sem sentença condenatória.
Na lei dos homens, a vida tem preço e como se trata de homens são eles que dão o preço. No caso de Alderly Martins, um jovem de origem pobre, a vida não custou nada. O único apontado como autor de sua morte foi absolvido e como foi defendido pela família não teve despesas nem com advogado. Despesa só na festa de comemoração pela absolvição, que contou até com seguranças. Festa que deverá ficar marcada na consciência de quem praticou o crime a lembrança de um dia para celebrar a impunidade, a injustiça e o desrespeito à vida.
Para a sociedade que se acostumou a apontar o dedo para a justiça e acusá-la de conivente ou de injusta, pelo menos neste caso, não se legitima esse direito, o acusado foi para o banco dos réus e quem o absolveu foi a própria sociedade ou pelo menos quem deveria representá-la. Por generosidade ou por convicção o Conselho de Sentença “encerrou” um caso, longe dos autos-falantes da Câmara dos vereadores, na movimentada Rua Olavo Bilac, em Tefé/Am, onde habitualmente se realizam as sessões do júri.
Em um local discreto, longe dos olhos de curiosos e sob o olhar desconfiado de quem compareceu, o veredicto final de um julgamento que ficará lembrado pela insignificância da vítima (cidadão comum) e o status do réu (um advogado).
Na república dos sem terras e no país do bolsa família, a luz não é para todos, e às margens de um rio que testemunha os contrastes entre pobres e ricos na rica e exuberante bacia Amazônica, quem advoga é doutor, fala quem não tem medo, réu vira vítima, vítima vira culpado, a vida tem preço ou poderá não custar nada.
Por Raifran Brandão
A absolvição do advogado Krien Oliveira de Queiroz, acusado por homicídio e absolvido em júri popular trouxe uma nova discussão: - Quanto custa a vida? Há quem diga que ela não tem preço, mas há quem diga também que seu preço é do tamanho do dinheiro que se tem no bolso ou ainda da influência que alguém possa representar.
Opiniões à parte, o que se sabe mesmo é que a vida se encerra com a morte. Morte que poderá vir por decorrência do próprio tempo, acidentes e de tantas outras formas. Ruim mesmo é quando ela é antecipada, assistida como uma tragédia que choca, que tem vítima e vilão e que com o tempo, como os castelos de areia edificados às margens dos rios ou dos mares somem sem deixar marcas. Neste caso, um crime “sem culpados”. Marcas que ficarão no resto da vida da mãe que teve seu filho condenado à morte por um motivo banal. Se é que há motivos razoáveis para se tirar a vida de alguém sem sentença condenatória.
Na lei dos homens, a vida tem preço e como se trata de homens são eles que dão o preço. No caso de Alderly Martins, um jovem de origem pobre, a vida não custou nada. O único apontado como autor de sua morte foi absolvido e como foi defendido pela família não teve despesas nem com advogado. Despesa só na festa de comemoração pela absolvição, que contou até com seguranças. Festa que deverá ficar marcada na consciência de quem praticou o crime a lembrança de um dia para celebrar a impunidade, a injustiça e o desrespeito à vida.
Para a sociedade que se acostumou a apontar o dedo para a justiça e acusá-la de conivente ou de injusta, pelo menos neste caso, não se legitima esse direito, o acusado foi para o banco dos réus e quem o absolveu foi a própria sociedade ou pelo menos quem deveria representá-la. Por generosidade ou por convicção o Conselho de Sentença “encerrou” um caso, longe dos autos-falantes da Câmara dos vereadores, na movimentada Rua Olavo Bilac, em Tefé/Am, onde habitualmente se realizam as sessões do júri.
Em um local discreto, longe dos olhos de curiosos e sob o olhar desconfiado de quem compareceu, o veredicto final de um julgamento que ficará lembrado pela insignificância da vítima (cidadão comum) e o status do réu (um advogado).
Na república dos sem terras e no país do bolsa família, a luz não é para todos, e às margens de um rio que testemunha os contrastes entre pobres e ricos na rica e exuberante bacia Amazônica, quem advoga é doutor, fala quem não tem medo, réu vira vítima, vítima vira culpado, a vida tem preço ou poderá não custar nada.
Por Raifran Brandão
Assinar:
Comentários (Atom)